Dias atrás soube que um sujeito me acusou de incoerente, porque 20 anos atrás eu considerava um absurdo um franqueador terceirizar o processo de busca e seleção de franqueados e agora sou sócio de uma loja que comercializa franquias de quase 70 marcas diferentes, de empresas diferentes. É verdade, duas décadas atrás eu tinha uma opinião diferente da que tenho hoje sobre esse tema. Cresci, aprendi muito sobre o mundo empresarial e mudei de ideia. Afinal, se as circunstâncias se alteram, o mínimo que posso fazer é mudar com elas. Se, de posse de novas informações mais confiáveis, me dou conta de que minha opinião anterior era errada, a única coisa a fazer é trocá-la. Na minha visão, é inadmissível qualquer compromisso com o erro.
Vale lembrar que, 20 anos atrás, as poucas empresas que praticavam a terceirização se limitavam a delegar tarefas tidas como pouco nobres, como limpeza, portaria e segurança. E olhe lá! A maioria preferia fazer internamente até mesmo essas coisas. Hoje, a conversa é bem outra: terceiriza-se tudo, ou quase tudo, do desenvolvimento e fabricação de produtos, até a logística, RH, TI e atividades infinitamente mais nobres, estratégicas e agregadoras de valor. Por que não a comercialização das franquias?
Aliás, preciso confessar que não foi apenas a respeito desse assunto que mudei de ideia. Venho, ao longo dos anos, mudando minha visão com relação a uma montanha de coisas. Por exemplo: um dia já acreditei que comer manga com leite podia matar, que apontar para uma estrela fazia nascer verruga na ponta do dedo e que criança que brinca com fogo faz xixi na cama. Com o tempo fui aprendendo coisas novas e descobrindo que muito do que me parecia “escrito na pedra” não passava de mera superstição, não tinha fundamento científico, não batia com a realidade. E, sendo assim, não havia alternativa a não ser abandonar certas crenças, hábitos e companhias.
Aliás, peço a Deus que me mantenha assim até o dia da minha morte: aprendendo e evoluindo um pouquinho por dia… todos os dias. Porque deve ser um bocado triste não ter ideias novas para substituir as antigas, mesmo quando estas já estão cobertas de mofo e teias de arranha e se tornaram um estorvo, não só para o próprio indivíduo, mas também – e principalmente – para quem o cerca e acredita nele.
Por Marcelo Cherto
Fonte: http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI119261-17141,00-COERENCIA+E+UMA+COISA+CABECA+DURA+E+OUTRA.html